O debate sobre a população em situação de rua (PSR) está presente no
campo de ação das políticas públicas, porém poucas vezes se prioriza
conhecer a percepção dessa população sobre os serviços que lhe são
prestados e/ou garantidos. Este estudo objetivou compreender a
percepção da PSR em Florianópolis acerca dos serviços de assistência
social e verificar em que medida estes serviços correspondem ao que está
previsto pelo Decreto nº 7.053/2009. Para desvelá-lo, realizou-se
pesquisa qualitativa com levantamento bibliográfico acompanhada de
pesquisa de campo tanto na rua, quanto nos espaços institucionais. Para
critério de seleção da PSR entrevistada, priorizou-se a abordagem de
maiores de 18 anos de ambos os sexos, acompanhados ou não pelo serviço
municipal Centro de Referência ao seu atendimento, o Centro-Pop. Nos
espaços institucionais profissionais dos serviços públicos municipais da
assistência social (Centro Pop e Casas de Acolhimento/Abrigos); da
saúde (Consultório na Rua e Centro de Atenção Psicossocial-CAPS); do
Conselho Municipal de Assistência Social; assim como representantes de
organizações não governamentais que atuavam com o atendimento a PSR
foram ouvidos. As análises das respostas obtidas foram baseadas em sete
categorias conceituais: status, estigma, fenômeno, rualização, pobreza,
exclusão social e interdependência. Assim, verificou-se, sob a perspectiva
da PSR, que estes não estão recebendo uma proteção social de forma
integral; que há necessidade do investimento em ações que fortaleça a
intersetorialidade da assistência social com as demais políticas públicas;
que é importante valorizar o movimento de organização e participação
política deste usuário; que as ações de intervenções com ele não
asseguram relações interdependentes reificando a figuração de que
indivíduo e sociedade são instâncias separadas. A partir disso, sugeriu-se
uma metodologia de intervenção para com a PSR visando à construção de
relações mais interdependentes entre eles e a sociedade.