ste artigo procura discutir algumas questões relacionadas ao
precário entendimento dos direitos humanos na sociedade
brasileira. Exploramos o ponto de vista de um grupo específico de pessoas, os familiares de presos, a respeito de temas relacionados à percepção de justiça e direitos. A partir desse ponto de
vista, sugerimos que suas articulações específicas de questões
relacionadas a esses temas apontam para um princípio alternativo
de comensurabilidade do ser humano que não se refere à linguagem da lei na qual se ancoram os direitos humanos.
Dizer que a idéia e o reconhecimento dos direitos humanos
são precários na sociedade brasileira não é novidade. O problema
da percepção dos direitos humanos vem sendo debatido sistematicamente nesta sociedade desde os movimentos pela reinstauração
da ordem democrática em fins da década de 70. Uma das traduções dessa percepção, que ressoa em nossos ouvidos pelo menos
desde meados da década de 80, refere-se à frase que se tornou
senso-comum na cidade de São Paulo, que critica os direitos
humanos associando-os a “privilégios para bandidos”. Tal associação pode ser entendida como refletindo a falta de consenso na
sociedade em torno de um princípio básico dos direitos humanos
– o “direito a ter direitos” (2)