Considerando o trabalho de Foucault em descrever e contextualizar o
nascimento das prisões, e sua articulação com o surgimento das prisões do Brasil, o presente
estudo é uma proposta de genealogia das práticas psicológicas no Sistema Penitenciário do
Paraná. Caracterizado por uma superpopulação de pessoas presas brancas, jovens, de origem
urbana e do próprio Estado, e por um quadro funcional defasado, o Sistema Penitenciário do
Paraná apresenta normatização da prática psicológica baseada em Legislação Nacional, a Lei
de Execuções Penais. A regulamentação prevê a avaliação e o acompanhamento psicológico
das pessoas presas. Em função da sobrecarga de trabalho, a avaliação é a principal prática.
Para efeitos de pesquisa, e pelo recorte metodológico de Foucault, escolheu-se: as rupturas
caracterizadas pelo surgimento e pela extinção da avaliação psicológica como requisito para a
concessão de benefícios, ambos previstos em lei, como subsídio para as análises transversais
dos documentos (laudos, pareceres e regulamentações) produzidos pelos psicólogos do
sistema penitenciário do Paraná, o Manual de Procedimentos do Psicólogo do Sistema
Prisional do Paraná e também documento produzido por psicólogos que trabalham em prisões
do país em Encontro Nacional.Tais análises tiveram como ferramentas as relações de poder e
a objetivação da subjetividade. Estas ferramentas contextualizadas historicamente e mediante
o registro das práticas psicológicas permitiram analisar o discurso e realizar a genealogia das
práticas de maneira a perceber como ambos, mesmo com contradições, funcionam como
dispositivos que objetivam uma subjetividade útil às relações de poder operando na
contemporaneidade.