Poucos são os estudos sobre mulheres encarceradas e seus bebês no Brasil. Este estudo investigou a
percepção da mãe encarcerada sobre os aspectos relevantes do ambiente prisional relativos ao
desenvolvimento do bebê neste recinto. Participaram deste estudo três mães encarceradas cujos filhos
estavam ou haviam ficado sobre seus cuidados enquanto cumpriam pena, as quais tinham cerca de 23
anos e cumpriam condenação por tráfico de drogas em um Centro de Regime Semi- Aberto. Utilizou-se
como instrumento da pesquisa uma entrevista semi- estruturada a qual investigava informações sóciodemográficas, concepção de maternidade e como eram os cuidados e as preocupações com o bebê no
cárcere, tendo como duração aproximada de duas horas. O método empregado foi estudo de casos
coletivos e fez-se uma análise de conteúdo das informações. Enquanto resultados, observou-se que todas
as participantes tinham uma relação positiva de vínculo mãe-bebê, acreditando na importância do cuidado
materno como essencial. Contudo, apontaram que as normas restritivas do presídio causavam prejuízo ao
desenvolvimento infantil, de modo que preferiam que algum familiar passasse a cuidar do bebê ainda que
este fosse a única fonte de afeto que tinham no ambiente prisional. Seria importante que estudos futuros
incluíssem um número maior de casos e outros informantes. Conclui-se serem necessárias adaptações no
sistema penitenciário de modo a atender as necessidades dos filhos de encarceradas que residem no
presídio e sugere-se a promoção do vínculo mãe-bebê como uma maneira de facilitar a ressocialização da
encarcerada.