A população absoluta de mulheres encarceradas no sistema penitenciário cresceu
de forma vertiginosa, sendo esse movimento de encarceramento irrefutável e cada vez mais
consistente. Existe, contudo, uma omissão do Estado com relação ao aumento destes
números. A entrada de mulheres em atividades criminosas é descrita como subordinada à
participação dos homens nessas mesmas atividades. Esta ênfase retira o protagonismo e
reforça a invisibilidade feminina na prática de crimes violentos e atividades ilícitas. O
contexto social em que as presidiárias se encontram, bem como as discriminações relativas
ao gênero que elas enfrentam dentro da prisão são fundamentais para se entender a relação
da mulher com o cárcere. Sobre a mulher presa corrobora-se a ideia de que a mesma faz parte
das estatísticas da marginalidade e exclusão, sendo a maioria negra, com filhos, nível mínimo
de escolaridade e pobre. Não obstante, mais da metade dessas mulheres responde pelo crime
de tráfico de drogas. O impulso nas condenações de mulheres por tráfico de drogas causou
um aumento significativamente preocupante no número de mulheres encarceradas, passando,
este, a ser considerado o crime responsável por colocar cada vez mais mulheres atrás das
grades. O objetivo do trabalho será compreender como a opressão de gênero vivenciada por
mulheres inseridas no sistema prisional brasileiro e o tráfico de drogas influenciam a
criminalidade feminina e proporcionam aumento do percentual de encarceramento de
mulheres.