O presente estudo visa problematizar o ser/fazer psicológico dentro
das prisões brasileiras, identificando-o como primeiramente voltado
exclusivamente a intervenções avaliativas e julgadoras a fim de
subsidiar decisões judiciais para fins de concessão de direitos/
benefícios dos sujeitos presos durante a execução de suas penas.
Adotando uma perspectiva crítica quanto a este modo tradicional de
ser/fazer psicológico, apresentamos outras possibilidades de inserção
dessa ciência e profissão nas prisões, mais voltadas à abertura de
espaços institucionais criativos e humanizantes que potencializem
a emancipação do pensamento, das ideias e dos afetos, a fim de
propiciar reflexões e análises teórico-práticas sobre a experiência
do encarceramento e seus possíveis efeitos na vida dos sujeitos
encarcerados. Para tanto, apresentamos como referencial teórico as
abordagens de Erwin Goffman e Michel Foucault acerca das prisões
e da criminalidade e penalidades contemporâneas, bem como os
estudos atuais sobre saúde mental e da saúde coletiva, especialmente os
voltados aos conceitos de prevenção de doenças e promoção de saúde.
Por fim, é apresentado e analisado um trabalho de pesquisa intervenção
realizado durante seis meses junto a um presídio do interior do Estado
do RS, onde se construiu um espaço semanal de acompanhamento
psicológico/terapêutico às presas deste estabelecimento, a fim de…