Neste livro, o termo aniquilamento desperta no mínimo
curiosidade. A sua etimologia, do latim annihilare, remete ao
sentido de redução. Reduzir alguma coisa ao nada até tornarse algo nulo. A combinação da palavra “aniquilamento” com
o vocábulo “subjetividade” aponta para práticas de anulação
de formas diversas e plurais de existir e de ser no mundo. A
expressão “aniquilamento de subjetividades” refere-se, então,
aos processos de destruição, de dilaceramento e de extermínio
que tratam os sujeitos como se não tivessem valor.
Vale ressaltar que há em curso diversos processos de
resistência face aos mecanismos de aniquilamento. A liberdade
das diferentes formas de ser e existir da população LGBTI passa
por tentativas de aniquilamento sempre que essas pessoas são
submetidas a processos de “reorientação/reversão” da orientação
sexual e identidade/expressões de gênero. No entanto, tais
tentativas de anulação, ainda que recorrentes, não extinguem a
possibilidade de que a constituição subjetiva seja ressignificada
e opere por outros registros.
Esta obra busca contribuir com o debate a respeito das
diferentes formas de opressão e vulnerabilidades a que
lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais
estão submetidas no contexto social, resultando em violações
de direitos humanos. A função da Psicologia, enquanto
ciência e profissão, não está apartada do compromisso ético
e político com a dignidade de vida de qualquer pessoa, sendo
necessário denunciar as negligências sociais e contribuir
para o enfrentamento a quaisquer práticas que aniquilem
subjetividades