O estudo que tenho a alegria e a responsabilidade de prefaciar
representa uma etapa importante do movimento de reforma da justiça penal brasileira. Além disso, nos traz a precoce evolução do pensamento de jovem autora, cuja trajetória da faculdade de Direito ao
encontro do tema é especialmente reveladora e importante, como
chave para o esboço do modelo brasileiro de justiça restaurativa.
Raffaella saiu do Brasil movida pela curiosidade de uma estudante preocupada em descobrir o novo: queria se encontrar com outras
maneiras de pensar o tema que lhe inquietava, a justiça penal. Na
Espanha, ouviu falar sobre justiça restaurativa. Reagiu com ceticismo, conforme relatou durante a banca do mestrado que culminou
nesse livro. Pensava no processo, nas garantias, na pena, enfim, naqueles elementos que condicionam nossa racionalidade penal. Porém, aquela desconfiança gerou reação diversa do que recomenda o
senso comum, ela não refutou a inovação, não se acomodou no conforto do conservadorismo e foi adiante, começou a estudar o tema.
Talvez, inspirada em Heráclito: “é na mudança que as coisas repousam”.