A Plataforma de Ação de Beijing traz, como seu primeiro grande objetivo
estratégico, o enfrentamento da pobreza entre as mulheres. Entendida como um
fenômeno multidimensional, o texto da plataforma associa a pobreza a fatores como a
globalização da economia, a reestruturação econômica, os programas de ajuste
estrutural, os elevados níveis de dívida externa, os problemas ambientais, a falta de
acesso a recursos produtivos, a crédito, a serviços de educação, saúde e moradia, à fome
e à desnutrição, à violência, à falta de participação nas instâncias de poder e decisão, à
falta de tempo. Neste contexto, a pobreza incidiria não apenas de forma desigual, mas,
tal como destaca o documento, de maneira desproporcional para as mulheres em
relação aos homens. A plataforma traz ao debate a questão da feminização da pobreza,
fenômeno que compreenderia tanto o aumento no número de mulheres vivendo em
situação de pobreza quanto o fato de que este aumento se deu – ao longo dos dez anos
anteriores à publicação do texto – de forma mais intensa para elas do que o verificado
para os homens.