estamos aqui, em Itanhaém (SP), num sábado bonito, ensolarado, sentados em torno de uma
mesa.
PAULO – É uma boa idéia. A razão pela qual estamos aqui hoje foi colocada como
possibilidade, creio, há um tempo atrás, há dois anos ou um pouco mais, quando Gadotti e
eu conversávamos um dia sobre as andanças dele e as minhas. Eu já estava há um ano e
meio de volta ao Brasil e vivia numa corrida muito grande, numa corrida contra o tempo
passado no exílio. Vivera quase dezesseis anos exilado e, ao voltar, estava sendo muito
solicitado, sobretudo por jovens estudantes, às vezes por grupos que trabalhavam em áreas
populares, em diferentes partes do Brasil. Estava sendo solicitado por esses grupos para
conversar, para discutir com eles.
De um lado, esses convites me satisfaziam do ponto de vista emocional, de querer
bem. Isso me revelava também que tal chamamento, quase imediato à minha chegada, era
uma espécie de declaração de querer bem. Era como se também dissessem: “Puxa, estamos
contentes por você ter voltado”.