À semelhança de outras (poucas) figuras cuja contribuição alcança um
reconhecimento internacional, Paulo Freire continua a ser reverenciado, a justo
título, como um dos grandes pedagogos do século recém-findo. De tal ordem é a
associação que se tem feito do seu nome ao mundo da Educação, e mais
precisamente ao campo da Alfabetização de Pessoas Jovens e Adultos, que tal
referência parece obscurecer, de certo modo, sua dimensão de filósofo.
Certamente as duas dimensões nele se cruzam e se acham entrelaçadas.
Ocorre que, em virtude de uma ênfase mais freqüente na associação de seu nome aos
procedimentos metodológicos no terreno da Educação, resulta menos visível e
conhecida a força heurística de sua proposta filosófica.
A realização do III Colóquio Internacional Paulo Freire também oportuniza
retomar discussões como esta. É o que me ocorre, ao aceitar a incumbência, que me
foi proposta pelos organizadores do evento, de colaborar na elaboração de uma
coletânea, focalizando a concepção freireana de mundo, de homem e de sociedade.
Tendo em vista, porém, os limites do espaço democraticamente atribuído a cada um
dos convidados, julguei oportuno publicar a íntegra do texto, sem prejuízo da
coloboração solicitada, nos limites propostos. Ao que devo acrescentar o propósito
de utilizar este texto como material didático, junto às turmas de estudantes e
professores/professoras, seja do meio acadêmico, seja das escolas públicas e
movimentos sociais populares