Aceitei o desafio de escrever o prefácio deste livro do Prof. Paulo Freire movida mesmo por uma das
exigências da ação educativo-crítica por ele defendida: a de testemunhar a minha disponibilidade à
vida e os seus chamamentos. Comecei a estudar Paulo Freire no Canadá, com meu marido,
Admardo, a quem este livro é em parte dedicado. Não poderia aqui me pronunciar sem a ele me
referir, assumindo-o afetivamente como companheiro com quem, na trajetória possível, aprendi a
cultivar vários dos saberes necessários à prática educativa transformadora. E o pensamento de Paulo
Freire foi, sem dúvida, uma de suas grandes inspirações.
As idéias retomadas nesta obra resgatam de forma atualizada, leve, criativa, provocativa, corajosa e
esperançosa, questões que no dia a dia do professor continuam a instigar o conflito e o debate entre
os educadores e as educadoras. O cotidiano do professor na sala de aula e fora dela, da educação
fundamental à pós-graduação. É explorado como numa codificação, enquanto espaço de
reafirmação, negação, criação, resolução de saberes que constituem os “conteúdos obrigatórios à
organização programática e o desenvolvimento da formação docente”. São conteúdos que,
extrapolando os já cristalizados pela prática escolar, o educador progressista, principalmente, não
pode prescindir para o exercício da pedagogia da autonomia aqui proposta. Uma pedagogia fundada
na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando.